Monumento a Gama Malcher: Entre a Medicina e a Política

 

Há importantes descobertas a se fazer no Centro de Belém, inclusive onde permanece a área comercial tradicional da cidade. Uma delas é o monumento em homenagem ao doutor José da Gama Malcher, localizado no centro da Praça Visconde do Rio Branco, anteriormente conhecida como Largo das Mercês, em referência à igreja de mesmo nome ainda hoje situada em frente ao logradouro, situado na confluência da travessa Frutuoso Guimarães com a ruas Gaspar Viana e Santo Antônio. Com cerca de oito metros de altura, incluindo o pedestal, o monumento apresenta esculturas de dois homens, em bronze, feitas pelo artista belga Armand-Pierre Cattier em Bruxelas, na Bélgica, onde também foi fabricado o pedestal de 5,25 metros de altura, este feito na cidade de Ecaussinnes. Representam a relação de gratidão do povo paraense, na pessoa à frente, perante ao homenageado, no alto. A pedra fundamental da obra foi lançada em 21 de julho de 1889, tendo sido concluída e inaugurada poucas semanas depois, em 15 de agosto de 1889.
 

 

Escultura Gama Malcher
Com 2,75 metros, a estátua ao alto do pedestal representa o homenageado, distintamente vestido, doutor José da Gama Malcher, médico conhecido em Belém, onde faleceu em 1882, portanto poucos anos antes da encomenda ter sido aprovada por lei pela Câmara Municipal da capital, em 15 de março de 1889, e custeada pelo Executivo do município. Nascido em Monte Alegre, no Pará, e tendo cursado Medicina na Bahia, foi em Belém que fez carreira, exercendo a profissão na Santa Casa de Misericórdia e no Hospital Beneficente Portuguesa. Tornou-se especialmente conhecido por ações de vacinação e por ajudar aos necessitados.

 

 

 
Escultura do cidadão
Na frente do pedestal está a figura de um homem despido, sentado e apoiado sobre um conjunto de figuras representativas da flora paraense. O cidadão aparenta inscrever sobre o pedestal o nome do médico homenageado. Estas alusões conduzem a refletir sobre o ato da homenagem, onde um representante do povo, e mais especificamente dos beneficiados dos atos do médico, toma a iniciativa de eternizar a gratidão, o que efetivamente se concretiza através desta obra de Arte Pública, que resiste ao tempo e chega à nossa época mesmo que como convite ao exercício de memória para quebrar o silêncio do esquecimento que circunda os monumentos.

 

Texto: Carmen Silva e Ana Cláudia Melo

 

 

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